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Como descrever uma “onda”? Uma abordagem metodológica para a etnografia de um movimento

Em 2012, ocorreu no Estado de São Paulo o que foi chamado por diferentes veí- culos de grande mídia de uma “onda de violência”.Após anos consecutivos de queda no número de homicídios, a capital paulista apresentou um aumento de 40% com relação ao ano anterior.2 Conforme divulgado pela Secretaria de Segurança Pública, no total foram 4.836 mortes no Estado de São Paulo, 1.495 só na capital: 111 policiais e 19 agentes penitenciários (Sobrinho, 2013). Especialistas foram rapida- mente convocados, pela imprensa, a explicar o que estava acontecendo e o porque da guinada na curva dos gráficos estatísticos. Foram diversas as explicações apre- sentadas, mas a grande maioria apontava para um confronto entre as forças poli- ciais paulistas e o Primeiro Comando da Capital (PCC), coletividade originada no interior das prisões paulistas no início da década de 1990, hoje presente não só na grande maioria das instituições penais e zonas urbanas de São Paulo, como também em outros estados brasileiros.