voltar para Página InicialTesesPolítica e Drogas nas Américas. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais (Relações Internacionais), PUC-SP, 2001.

Política e Drogas nas Américas. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais (Relações Internacionais), PUC-SP, 2001.

Thiago M. S. Rodrigues

Nas primeiras décadas do século XX, o tema da interdição legal de drogas emerge no continente americano, tendo como epicentro os Estados Unidos. Os ordenamentos jurídicos passam a versar sobre a proibição de um amplo leque de substâncias que até então tinham a produção, venda e consumo liberados. As convenções internacionais sobre a matéria do controle de drogas, incitadas pelos norte-americanos, encontram ressonância nos países latino-americanos que comparecem aos encontros e ratificam as resoluções, aparelhando, assim, seus próprios códigos penais. A criminalização das drogas surge como um dos aspectos da medicalização crescente da sociedade, patrocinada pelo governo e amparada no lastro conferido por diversas práticas sociais. As leis antidrogas operam como estratégia governamental para a identificação, perseguição e reclusão de anormais , pessoas dissonantes com relação às ordens social e moral estabelecidas. Consumidores de drogas são rastreados pelo seu ‘desvio moral’ e pelo ‘perigo sanitário’ que representam, enquanto os fornecedores ilegais das substâncias proibidas, indivíduos recrutados junto às tradicionais classes perigosas (pobres, negros, minorias estrangeiras), são capturados pelas engrenagens do sistema penal. Com a explosão do consumo de drogas na década de setenta, o tráfico ilegal se potencializa, transformando-se em indústria narcotraficante. Os Estados Unidos passam a exteriorizar seu combate interno às drogas para todo o continente, inaugurando a ‘guerra ao narcotráfico’. Esta guerra envolve diversos Estados latino-americanos que, ao tempo em que sofrem a pressão estadunidense para adequarem-se ao padrão de combate às drogas, se utilizam da proibição para fortalecer a governamentalidade sobre suas próprias populações, mantendo uma guerra violenta e infindável.