Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos

A presente pesquisa tem por objetivo analisar a relação entre legislação, grupos ayahuasqueiros e meio ambiente, por meio da análise das técnicas de manejo e da sustentabilidade. A ayahuasca é uma bebida consumida historicamente por populações indígenas e habitantes do bioma amazônico. No Brasil, a partir de 1930, surgem os primeiros grupos institucionalizados que fazem o uso religioso da ayahuasca em um contexto urbano amazônico, denominados de “religiões ayahuasqueiras”, o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal. Nas últimas décadas, tal consumo se expandiu para diversas regiões do país e internacionalmente. À medida em que os grupos crescem, há um aumento inédito de demanda pela bebida, o qual se reflete em uma maior pressão em cima das espécies Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis, os vegetais a partir dos quais é feita a ayahuasca. Para compreender como tais atores buscam sua sustentabilidade, será feito um levantamento bibliográfico sobre a regulamentação das práticas de cultivo, colheita e transporte destes recursos florestais e das relações dos grupos ayahuasqueiros com o meio ambiente. De modo mais amplo, também será realizado um diálogo com a literatura sobre economia ecológica e acerca dos direitos humanos, sobretudo a liberdade religiosa. Para além do trabalho bibliográfico, será realizado trabalho de campo junto a grupos ayahuasqueiros, buscando compreender as técnicas de manejo dessas espécies vegetais, tanto de plantio e colheita, quanto do processo produtivo da bebida. A partir do levantamento bibliográfico em conjunto com as observações de campo, será possível apreender os modos pelos quais esses grupos trabalham por sua sustentabilidade, atentando principalmente para as formas de manejo das espécies vegetais necessárias à produção da ayahuasca.

Sustainability, ayahuasca and ecological management: analysis of techniques and socio-environmental impacts. Master’s thesis in Sustainability, University of São Paulo (estimated completion: 2022).

This research aims to analyze the relationship between legislation, ayahuasca groups and the environment, through the analysis of management techniques and sustainability. Ayahuasca is a drink consumed historically by indigenous populations and inhabitants of the Amazon biome. In Brazil, from the 1930’s onwards, the first institutionalized ayahuasca groups emerged in Brazil, developing a form of religious use of ayahuasca in an urban Amazonian context. They were called the “ayahuasca religions”, Santo Daime, Barquinha and União do Vegetal. In recent decades, such consumption has expanded to various regions of Brazil and internationally. As the groups grow, there is an unprecedented increase regarding the demand for the drink, which is reflected in a greater pressure on the species Banisteriopsis caapi and Psychotria viridis, the plants from which ayahuasca is made. In order to understand how these actors seek sustainability, a bibliographical survey will be done on the regulation of the practices of cultivation, harvesting and transport of these natural resources, and on the relations of ayahuasca groups with the environment. More broadly, a dialogue will also be carried out with the literature on ecological economy and on human rights, especially religious freedom. Besides the bibliographical work, field work will be done with ayahuasca groups, seeking to understand the techniques of management of these plant species, both for planting and harvesting, and for the production of ayahuasca. From the bibliographical survey, in conjunction with field work data, it will be possible to understand the ways in which these groups work for sustainability, paying attention mainly to the forms of management of the plant species necessary for the production of ayahuasca.