Do “você não pode” ao “você não quer”: uma história da prevenção às drogas na Educação. Curitiba, Prismas e Appris, 2013.
Na década de 1970 a prevenção ao uso de drogas entrou nos currículos escolares no Brasil. Professores, diretores, supervisores, em suma, os sistemas de ensino foram mobilizados em torno de uma nova demanda no que concerne à formação de sujeitos: a abstinência em relação ao uso de um rol de substâncias tornadas ilícitas algumas décadas antes. A experimentação desse conjunto de drogas, cujos registros remontam aos primórdios da história humana, tornava-se, com esse movimento, uma temática educacional. O objeto deste estudo constitui justamente esse acontecimento da prevenção ao uso de drogas como assunto da área da Educação. Trata-se de uma investigação acerca das racionalidades políticas que convergiram para esse processo de emergência de uma nova forma de pensar e intervir sobre a questão do uso de substâncias psicoativas na contemporaneidade. Nesse sentido, compreender de que maneiras a educação escolarizada se viu investida de uma função social relacionada às práticas de uso de drogas se aproxima, do início ao fim deste trabalho, de uma compreensão acerca dos modos através dos quais, historicamente, as formas de gerir a população têm se transformado, se racionalizado e se implementado por meio de conjuntos de saberes, técnicas, instrumentos e procedimentos diversos. Em outras palavras, compreender como a escola se tornou espaço de prevenção às drogas passa necessariamente por um entendimento em relação a como a população se tornou objeto de intervenções políticas.