Drogas e a governamentalidade Neoliberal – Uma genealogia da redução de danos. Florianópolis, Editora Insular, 2014.
Há muitos anos o autor deste livro trabalha com movimentos sociais institucionalizados e políticas públicas da saúde, educação e segurança pública. Mais recentemente, passou a pesquisar sobre drogas e políticas de redução de danos e seus desdobramentos. Agora, nesta publicação, analisa politicamente o controle das drogas ao longo da história, organizando a temática em cinco capítulos principais – Política, Biopolítica, Saúde, Segurança e Controle −, para logo expor como as tecnologias de poder atuam sobre a circulação das drogas nas atuais sociedades de controle, governamentalizando e disciplinando os consumidores de drogas lícitas e ilícitas, além de funcionários do Estado e vários segmentos sociais. Sob o amparo de fundamentos jurídicos e médicos, a racionalidade neoliberal transformou usuários em capital humano e, portanto, em sujeitos produtivos para a sociedade, viabilizando a captação de recursos privados e públicos para bancar seus projetos de intervenção e ganhos financeiros. Segundo o autor, “esta constante busca pelo controle das condutas dos indivíduos que se encontram em uma suposta condição de ‘vulnerabilidade’ tem sido capitaneada pelas mais distintas espécies de ‘Messias’, tais como os pastores, os sacerdotes, os líderes comunitários, os governantes e, sobretudo, os representantes de Organizações Não Governamentais, que objetivam, principalmente, a manutenção e a garantia de seus empregos intensificando sua incidência sobre os indivíduos por meio da governamentalidade neoliberal”. A produção, o comércio e o consumo de drogas estão em debate em nosso país. Essa publicação subverte essa discussão, rompendo com os discursos dominantes de poderes que controlam as condutas dos indivíduos, ao questionar quais seriam as políticas mais adequadas para tratar questão tão polêmica na atualidade. A repressão às drogas se intensificou e surgiram posições mais progressistas em relação à descriminalização, legalização e sua regulamentação. Porém, certos poderes atuam no controle às drogas não apenas de um ponto de vista farmacológico, neurobiológico, físico, químico, médico etc., mas por meio de posicionamentos políticos. São dispositivos de poder que cercam os indivíduos por meio das verdades produzidas pela saúde e pela segurança pública incidindo no controle sobre as drogas através das políticas de redução de danos, que ainda reproduzem o poder do Estado de disciplinar e controlar os usuários de substâncias consideradas ilícitas.