Violência Urbana em Goiás: práticas e representações. Goiânia, Editora Cânone, 2011
Com intuição profética, Anthony Burgess criou em 1962 uma ficção “as queer as a clockwork orange”, expressão que nomeou o livro. A laranja mecânica chegou ao Brasil nos anos 70, seguido pela versão para o cinema de Stanley Kubrick. Era mesmo bizarro o comportamento dos personagens, jovens londrinos bem-nascidos e de gosto refinado, que praticavam a violência urbana por mero prazer. Os leitores tomavam a ficção como tal, tão distante era da sua ordenada realidade, e respiravam aliviados. Poucas décadas depois, a violência, em suas múltiplas faces, tornou-se tão real que hoje, nas cidades, vivemos a mesma insegurança, o mesmo pânico dos indefesos londrinos de então. Violência urbana em Goiás: práticas e representações, organizado por Dalva Borges de Souza, busca traçar um diagnóstico dessa questão em cidades-chave do estado. Nove pesquisadores de Ciências Sociais levantaram dados em treze cidades, com destaque para a Região Metropolitana de Goiânia. Mais do que apenas números estatísticos, procuraram aferir a insegurança e o medo da população, sentimento que hoje acompanha, qual sombra, todo cidadão urbano, vítima e refém desse processo que desafia os estudiosos do tema e os responsáveis pela segurança pública.