A relação entre estigma e adicção: etnografia de um grupo de Narcóticos Anônimos. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Londrina, 2005.
O trabalho teve como objetivo realizar uma etnografia de um grupo de Narcóticos Anônimos a fim de analisar os processos de estigmatização e de rotulação que sofrem os usuários de drogas ilícitas na sociedade contemporânea. A coleta de dados foi realizada a partir da observação participante nas reuniões de um grupo específico da cidade de Londrina (PR) e da elaboração de um caderno de campo. Os resultados indicam que os Narcóticos Anônimos, ao se utilizarem de um conceito próprio para designar a dependência química – adicção – e classificá-la como uma doença incurável, acabam por produzir uma situação ambígua: conseguem, dentro dos limites do grupo, igualar todos os membros a partir deste conceito, o que minimiza a responsabilidade da dependência ou pelo menos minimiza as acusações e a moralização da dependência; mas, por outro lado, acaba por marcá-los como doentes incuráveis em relação às drogas, o que contribui para a manutenção do estigma. Analisou-se também como as reuniões funcionam como um processo ritual para inserção de novos membros e para a manutenção da recuperação dos mais antigos. Dada a convencionalidade e redundância das ações e das palavras apresentadas, as reuniões do NA atuam como modelos de ação a serem lembrados e reforçados.