Contrastes e Continuidades em uma Tradição Amazônica: as religiões da ayahuasca. Tese de Doutorado em Ciências Sociais, Unicamp, 2004.
Trata-se de um estudo antropológico sobre diferentes religiões de uma mesma tradição, identificadas como cultos ayahuasqueiros, por se caracterizarem pela utilização ritual da bebida psicoativa ayahuasca, denominada igualmente de Daime ou Vegetal. O estudo realiza uma comparação entre os sistemas rituais e simbólicos das três principais religiões ayahuasqueiras brasileiras: o Santo Daime, a União do Vegetal (UDV) e a Barquinha, destacando também os conflitos entre elas e o processo de dissidências que ocorre no interior dos respectivos grupos. É um trabalho pioneiro no que concerne à comparação exaustiva destas religiões, envolvendo, simultaneamente, análises dos contextos históricos que levaram à constituição de cada uma delas e etnografias detalhadas sobre o Santo Daime, UDV e Barquinha. Além disso, realiza-se uma pesquisa ampla sobre a biografia dos fundadores destas religiões, mostrando-se como a formação cultural e a história pessoal dos líderes do Santo Daime, Barquinha e UDV foram importantes elementos na elaboração destes cultos. Ao se deter na análise dos conflitos entre as religiões ayahuasqueiras, a tese aponta também para as principais acusações acionadas entre seus adeptos. Nesse sentido, defendeu-se a hipótese de que atualmente a construção das fronteiras identitárias entre os diversos grupos desse campo religioso remete ao tema do uso de drogas ilícitas na nossa sociedade. O estudo concluiu que apesar dos conflitos e fragmentações entre as religiões ayahuasqueiras serem de fato acirrados, todas elas compartilham de um legado cultural comum, de origem amazônica, expressando assim diferentes desenvolvimentos de uma única tradição.