Gênero e “Guerra às Drogas”: uma análise feminista da militarização das políticas sobre drogas na América Latina. Instituto de Relações Internacionais, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (previsão de conclusão: 2015).
A presente pesquisa parte do desejo de entender de que forma representações de gênero são mobilizadas discursivamente pela retórica da “guerra às drogas” articulada por atores políticos dos Estados Unidos, sobretudo, para a América Latina. Apoiando-se na literatura feminista em Relações Internacionais, mais especificamente no debate sobre a relação entre gênero, militarismo e militarização, pretendemos investigar de que maneira o processo de militarização das políticas de controle de drogas ilícitas levado adiante pelos Estados Unidos na América Latina é informado por e se utiliza de representações discursivas de gênero para obter legitimidade política. Entendendo a “guerra às drogas” como um fenômeno eminentemente discursivo – i.e., que depende de atos discursivos para estar sempre em operação –, utilizaremos a análise de discurso para refletir criticamente sobre esse cenário. Mais do que entender o impacto de políticas militarizadas na vida das mulheres, nosso objetivo é pensar como a “guerra às drogas” se sustenta discursivamente através da reprodução de representações de gênero hegemônicas e dicotômicas sobre masculinidade e feminilidade. Pretendemos, com isso, preencher uma lacuna – tanto dos estudos sobre gênero, militarismo e militarização, quanto dos estudos críticos sobre drogas ilícitas – e contribuir para a criação de uma agenda em política de drogas que relacione o controle militarizado de drogas ilícitas – em específico, na América Latina – a mecanismos de poder informados por dicotomias de gênero. Gender and the ‘War on Drugs’: a feminist analysis of militarized drug policies in Latin America. Institute of International Relations, Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (expected conclusion: 2015). Ana Clara Telles C. de Souza This research departs from the will to understand how gender representations are mobilized in the rhetoric of the ‘war on drugs’ advanced by United States’ political leaders towards Latin America. Drawing upon the feminist literature on International Relations, specifically the debates on gender, militarism and militarization, we aim to analyze to what extent the process of militarization of drug policies of the United States to Latin America is informed by and utilizes discursive gender representation to gain political legitimacy. Departing from an understanding of the ‘war on drugs’ as a predominantly discursive phenomenon – i.e., which depends on discursive acts to be in constant operation –, we resort to discourse analysis to critically think how discursive gender representations are mobilized in this scenario. More than coming up with an understanding on the impact of militarized drug policies in women’s lives, we intend to gain knowledge on how the ‘war on drugs’ sustains itself discursively by the reproduction of hegemonic and dichotomist gender representations on masculinity and femininity. Our aim, thus, is to fill up a gap both in the literature on gender, militarism and militarization and in the critical drug policy studies, and to contribute for the creation of an agenda on drug policy that relates the militarized control of illicit drugs – specifically, in Latin America – to gendered power mechanisms.